É preciso um momento para que eu coloque as ideias no lugar em não possa escrever nenhuma besteira.
Faz dez anos que utilizei pela primeira vez aquele velho lápis de origem austríaca que esperei durante um mês por sua chegada. Com ele escrevi aquelas cartas apaixonadas prometendo o mundo há quem já tinha o universo.
"Ei? Para que essa máquina fotográfica em suas mãos?"
Enquanto eu escrevia ela fotografava, removendo todo o encanto e poesia, menosprezando a arte de se escrever em versos e rimas, sempre ostentando o ditado popular: "uma imagem vale mais que mil palavras", nossos pensamentos foram se divergindo e nossos destinos se difundindo até que um dia enfim aconteceu.
"Ei? Onde tu vais guria?" – Ela voou para bem longe.
Enquanto enviava minhas cartas recheadas de promessas e juras de amor, ela me enviava fotos sorridentes de cidades e vilas do sul da Europa.
É assim fotografando ela ganhou o mundo, e eu em meu mundinho fechado permanecia a escrever com meus lápis austríaco.
Em poucos dias o lápis acabou e cartas não mais enviei, consequentemente as fotos pararam de chegar e o tempo passou. Sei que o papel foi guardado, esquecido por anos enquanto o esse mesmo tempo se encarregou de apagar aquelas palavras escritas com grafite austríaco.
Hoje somente a fotografia envelhecida na mesa do escritório é capaz de manter viva a lembrança daquele dia frio do último inverno que passamos juntos no parque.
Dessa forma eu aprendi que promessas com o tempo se perdem e somente as atitudes são capazes de manter vivo o sentimento em nossos corações. Enquanto alguém se dedica o outro se limita e, assim o esforço vence o tempo e para quem não se esforçou a saudade reivindica o lugar da criatividade, impedindo que novas palavras possam ser escritas no papel há muito esquecido.
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