Peito bigorna


Espero que esse seja o último texto desse gênero.

Com o tempo você percebeu que palavras foram como um martelo, bateram forte e por anos foram seu flagelo, deixando marcas eternas em seu peito amarelo.



A cada palavra uma batida, a cada batida uma lembrança, um aprendizado forçado, assim seu peito foi uma forma tomando, e inconscientemente a sua mente se transformando.

O martelo é impiedoso, preciso e tempestivo.

Quantas vezes a dor você se entregou? Quantas vezes para o mundo você se fechou? E agora o que restou?

A dor fez com que você colocasse uma barra entre seu peito e o martelo, uma tentativa infame de protegê-lo, salva-lo das batidas que insistem em mantê-lo refém da dor. Por anos minuciosamente a trabalhar e a te machucar sem que você entendesse o porquê d’aquele martelar.

Mas o tempo o passou, o ferro se transformou, como uma bigorna o seu peito aguentou, as palavras o martelo e o tempo. Agora o que se formou?

A dor cessou, talvez pela habilidade da mão de quem o martelo usou. Habilidade que se desenvolveu, cresceu como uma árvore secular, finalmente um motivo você conseguiu enxergar.

Uma espada imponente foi forjada, forte, leve e entregue a você. Um presente, uma arma para que você possa se proteger. Enfrentar o mundo de cabeça erguida sem nunca temer os desafios que surgirão, aqueles problemas que o cercarão, sem esquecer os pensamentos que tentarão o seu coração corromper. Lutar, isso é o que você deve fazer.

Tudo se transforma...

Brasília, 26 de julho de 2016.

PS: O peito doía, e a angustia sempre tomava conta, mas da última vez me senti bem, querendo me sentir mal, não consegui, você me não deixou nem ao menos tentar. Obrigado por ter me escutar...

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