Os beijos que esquecemos



Faz algum tempo eu vi, li ou escutei em algum lugar, eu não me lembro muito bem onde foi, que com o tempo o primeiro traço de uma pessoa que esquecemos é a voz. Eu não me lembro como era a voz do meu pai, lembro das broncas que ele me dava e de algumas frases ditas, mas a voz com clareza, não. Não sei o motivo, mas por alguma razão acredito que fosse semelhante a minha.

Com o tempo eu descobri uma forma de driblar isso, vídeos. Dessa forma eu não só guarda a voz das pessoas que gosto, como também as afeições, as caras, os jeitos. Até descobrir que há outra coisa que não há como guardar. O beijo!

Não necessariamente o de uma namorada, uma esposa ou alguém com que nos relacionamos, mas o de qualquer pessoa. Todo mundo tem uma mãe ou um pai que não dispensa um beijo no rosto, avós que adoram te apertar antes dar um beijo para se despedir quando seus pais tentam te apressar para voltar para a casa. Aquele amigo bêbado que no final da balada declara o quanto te ama e o como a amizade de vocês é especial para ele. Aquela pessoa que um dia foi razão de suas juras de amor eterno, com quem você planejou casar, ter filhos, comprar uma casa, ter um cachorro, que você esperava encontrar todas as noites em casa para dar aquele beijo especial de alguém que "zerou" a vida. Opa, estava quase me esquecendo, ele, o mais especial de todos, o seu cachorro, com aquela lambida que te babava todo, mas que de certa forma era um beijo canino.

Esse momento, essa sensação, esse simples ato de pessoas que se gostam e se respeitam, com o tempo você esquece como era, a intensidade, o jeito, a carga em newtons aplicada sobre seu corpo. Com o tempo você se esquece e não há mais como reviver esse momento, nem mesmo com vídeos.

Abrace, ame, beije, sempre que possível mostre como gosta de alguém e como essa pessoa é especial para você. Um dia esse momento será apenas mais uma lembrança meio confusa em sua mente.


PS: dois beijinhos cariocas não valem.

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